quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Bem e mal

Quem já não foi criança e brincou de mocinho e bandido? Quem já não ouviu histórias entre o bem e mal? Quem já não percebeu que o bem sempre vence no final? E quem já percebeu que o bem e o mal não são tão diferentes e separados assim?
É isso mesmo: o bem e o mal coexistem. Mas não vamos àquela velha história de que um não existe sem o outro, isso é um fato. É um fato de tanto conhecimento de todos que nem precisa de reflexão. A nossa reflexão está no bem que existe no mal e vice-versa.
Todos sabemos que bem e mal, bom e mau, são juízos de valor, estabelecidos de acordo com alguma sociedade de alguma cultura. Aprendemos o que é bom, o que é mau e sabemos discernir e até mesmo sabemos como nos utilizar deste juízo de valor. Quem é totalmente bom ou totalmente mau? Que ação pode ser considerada puramente boa ou má? Depende. Assim como tudo na vida depende. Depende de algum juízo, depende de alguém, de alguma coisa, de alguma situação. Tudo depende.
A maioria das literaturas infanto-juvenis (e mesmo algumas religiões) nos mostra uma visão maniqueísta desse ponto de vista. Sempre existe o bem e sempre existe o mal. O mal pode até ser mais divertido, mas o bem sempre prevalece no final. E assim crescemos pensando que o bem e o mal são coisas completamente diferentes.
Todos sabem que fumar faz mal à saúde. Mas para quem fuma, pelo menos por algum tempo, causa uma sensação boa. Todos sabemos que uma canja no iverno é boa. Mas e para quem não gosta de galinha, a canja vai ser boa também? São exemplos muito simples e corriqueiros, mas que nos mostram que bem e mal são juízos de valor. E que, com exemplos simples e básicos percebemos que o mundo não é tão dividido assim em duas cores. Ele é multiforme, multifacetado. Vamos dar um pulo na mitologia grega: os deuses gregos não eram essencialmente bons ou ruins, eles eram como nós, humanos, fazendo o que eles achavam certo: para alguns era bom, para outros ruim. E assim a vida vai: bondade e maldade está na cabeça de cada um, não nas suas ações.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Produtividade?


Quando eu era mais novo e desenhava uma árvore, sempre a fazia carregada de alguma fruta (na maioria das vezes, eram maçãs). Uma psicóloga me explicou, certa vez, que isso era devido a uma idéia que eu tinha de produtividade. Que todos os dias para mim deveriam ser produtivos. Eu encarei aquilo como um elogio (e creio que até o era). Mas o que é produtividade, afinal?

Acabei de ouvir num jornal que o ITA, aqui de São José dos Campos, é o instituto com maior produtividade no país. Ora, tudo mundo sabe que o ITA é um celeiro de cérebros ligados à engenharia, mecânica, mecatrônica, enfim essas paradas tecnológicas. Nada contra, afinal cada um estuda o que quer e ainda bem que existe a diversidade em tudo; além de, é claro, todos nós nos aproveitarmos da tecnologia. Mas, pensemos: o mundo moderno é cheio dela e dá muita importância a ela. Tanta importância que acaba ofuscando outras áreas como a arte e a educação por exemplo. Pensemos na arte. Há coisa mais desconstrutivista do que a arte? E a arte é maravilhosa justamente por causa disso.

Vivo dizendo que São Josés dos Campos é uma cidade de peões. Sem querer ferir, mas já ferindo, é verdade. Como já disse ali, nada contra, que seja uma cidade voltada à teconologia e tal, mas que tenha também um espaço para a arte e a cultura. E, quando digo isso não é só no nível social, mas principalmente no nível intelectual e de vida das pessoas, na sua vida íntima.

As pessoas têm medo da arte, pois a arte desconstrói, incomoda, remexe, vira. Mas imagine algo parado. As pessoas hoje em dia só vêem produtividade naquilo que é útil, não naquilo que pode ser diferente ou até mesmo ruim na hora, para depois ser bom. Toda mundança é boa. Por mais que ela demore a mostrar seu lado bom.

A arte pode não ser útil, mas é sempre produtiva, de alguma forma. Mas é uma produção que quase ninguém vê, são revoluções tão pequenas que acontecem nas pessoas que quase passam despercebidas. Quase. E ainda bem que elas acontecem. Mas, isso, infelizmente, não são todos que vêem nem sentem. Por isso, ela não pode ser considerada produtiva. Se pensarmos bem, não é tão ruim assim, pois como disse Oscar Wilde: "Toda arte é inútil!"


Vai também uma obra de Frida Kalho. Fiz uma grande injustiça em não falar dela desde o início. Eu e minha grande amiga Natacha Maurer pensamos na Casa do Macaco com a imagem da Frida. Então, aí vai ela: beijos a todos!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Alimento nosso de cada dia

Todos já devem ter ouvido que "nem só de pão viverá o homem". Pois é, esta é uma das grandes verdades da Bíblia. Alimentos para a alma são mais necessários do que alimentos para o corpo. Quando falamos em sustento, não estamos falando apenas de pão e água. Quem pensa assim, não entende nada da palavra sustento.
Muitas vezes temos tudo: comida, bebida, dinheiro, casa, trabalho, bens materiais e formais. Mas não temos o que nos alegra. Será que devemos nos sentir culpados por isso? Só porque aquilo que temos não nos é suficiente devemos nos acomodar e tentarmos ser felizes com queilo que aparentamos ter ou ser? Afinal, como a maioria pensa, temos tudo e, senão somos felizes, parece frescura. E quando digo isso, não é no sentido de eterna insatisfação diante das coisas, mas sim de que não nos devemos pautar por aquilo que acham que é melhor para nós.
É bom também não termos tudo. Se tivéssemos, seria muito fácil viver, não brigaríamos por nada, não desejaríamos nada e nossa vida seria muito mais parada (ou será feliz?). Bem, daí depende do ponto de vista de cada acerca da felicidade. Mas desejamos e nos alimentamos de várias formas, não apenas daquilo que as pessoas esperam que desejemos ou nos alimentemos. Não devemos, também, ter vergonha de não sermos felizes quando parecemos possuir tudo, quando na verdade sempre nos falta algo. Este algo é nosso alimento de cada dia, é o que nos faz viver. É este algo que desejamos, espero que não em vão, para podermos viver satisfatoriamente e, quem sabe, sermos felizes.
(Mas será que sermos felizes já é pedir demais?)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Aquilo que desejamos

Ouvi certa vez num filme que temos de tomar cuidado com aquilo que desejamos. Fiquei pensando: realmente temos de ter este cuidado. Nem sempre aquilo que desejamos é o melhor para nós, pois não nos conhecemos o suficiente para podermos fazer uma escolha acertada. Mais uma vez nos voltamos para o auto-conhecimento e para a busca da felicidade. Mesmo sabendo que este assunto é de suma importância para nossa vida.
Mas realmente temos de ter cuidado com queilo que desejamos e escolhemos. Às vezes aquilo que achamos ser o melhor, nem sempre o é. E às vezes nos deparamos com pessoas, coisas ou situações que, à primeira vista, não nos interessam ou não são do nosso gosto, mas que depois acabamos por verificar que podem ser interessantes ou mesmo pode ser aquilo que precisávamos ou até que gostamos, de alguma maneira que ainda não conhecíamos.
Em algumas situações, nossos desejos nos pregam peças. Até porque um desejo é algo instável, um desejo quase nunca se econtra no tempo presente, mas no futuro, como algo que vai acontecer, que vai se realizar, já perceberam? E, sendo assim, não sabemos se ele será bom, ou o melhor para nós naquele momento. E às vezes, este desejo realmente não é bom. A vida, então, se encarrega de fazer-se presente e, por vezes, escolher por nós (por mais que sempre tenhamos a possibilidade da escolha própria) e acaba mostrando que nossos desejos nem sempre são os mais acertados. E, quando aceitamos os presentes que a vida nos dá (nos questionando algumas vezes, pois é bom, mas aceitando) vemos que o futuro nem sempre é vislumbrado como queríamos, mas como deveria ser, desde que seja para nossa felicidade. Ou para nosso crescimento nem sempre feliz, mas sempre essencialmente bom.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Medéia terá que morrer?

Estava pensando: será que Medéia terá que morrer para que eu possa viver em paz? Parece engraçado, ou até mesmo bizarro, mas é apenas um exemplo (eu mesmo sou apenas um exemplo disso tudo). Quem conhece a história, sabe quem é Medéia. Ela é uma personagem literário-mitológica, já usada por Eurípedes e Sêneca, sendo a mulher que mata os filhos por amor e vingança ao marido que escolheu uma nova esposa mais jovem. Eu tomei Medéia como um exemplo, como um protótipo. Em algumas vezes na nossa vida acabamos por incorporar algo ou alguém que não somos, mas que parecemos ou pretendermos ser, por inúmeras razões: aceitação de um grupo, auto-aceitação ou até mesmo auto-conhecimento.
Chegamos a um ponto importante: auto-conhecimento. É muito difícil responder a simples pergunta: "quem sou eu?". Tomamos consciência que ela não é tão simples assim. Às vezes, pelo afã de querermos saber quem somos, metemos os pés pelas mãos e nos iludimos a nós mesmos, criando personagens para a nossas vidas, tentando assim, preenchermos uma lacuna ainda vazia que é o nosso auto-conhecimento e respondermos aquela pergunta que pareceu tão simples. Então, nos espelhamos na Medéia, no Édipo, no Romeu, no Hamlet, na Blanche du Bois, na Soraia Montenegro, na Bia Falcão e até mesmo no Harry Potter.
Parece engraçado (seria cômico se não fosse trágico), mas é o que a maioria de nós fazemos mesmo que inconscientemente. E quando fazemos isso inconscientemente, creio que seja ainda pior, pois nem sabemos que estamos nos mascarando. Pior ainda quando a máscara já grudou à nossa cara e nem sabemos mais quem é personagem e quem é pessoa.
Buscar e encontrar a nossa personalidade (não as personagens dela, mas a essência) é realmente muito difícil e nem sempre conseguimos nosso intento. Por isso vamos fingindo que somos nós mesmos e, de vez em quando, nos percebemos seres reais. Mas aí ainda cabe a pergunta: seres reais de que realidade? Será que temos que guardar os livros na estante e as personas dentro de nós para tentarmos ser nós mesmo? Será difícil isso? Será que Medéia e outras personagens que revivemos tem que se despedir de nós, para que assim possamos viver?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A vida já é muito complicada para existir o preconceito

Hoje eu estava pensando em como a vida é muito complicada. Nós temos de crescer, escolher nossa profissão, ganhar dinheiro com ela, tentarmos ser felizes com essa vida que acabamos escolhendo (ou escolhem por nós) e ainda existe o preconceito.
Todo mundo sabe o que é o preconceito. É um pré-conceito de tudo que existe, ou seja, falando o português claro: as pessoas não sabem o que falam, pois não conhecem! Mas isto existe; e o preconceito é tão intrínseco em nossa vida e sociedade que muitas vezes nem sabemos que somos ou o quanto somos preconceituosos. E isso não é legal.
Como já disse no início, pense bem: já sofremos bastante, seja física ou psicologicamente. Estudamos, trabalhamos, nos apaixonamos, nos iludimos muitas vezes e ainda sempre tem de ter alguém para nos julgar se o que estamos fazendo é certo ou errado. Pôxa vida, assim nossa existência se torna quase insuportável.
Será que como dizem o amor pode vencer o preconceito? Será que ele é tao forte assim? Seja o amor entre pais e filhos, entre namorados, entre irmãos, entre amigos... será? Eu espero que sim, mas no momento, não sei responder. Só posso dizer que a vida, meus queridos, já é muito complicada para existir o preconceito. Se as pessoas se entendessem, ou ao menos, se aceitassem (até com certos receios que são compreensíveis), a vida seria menos complicada ou, no mínimo, menos insuportável.


Momento feliz: inicio meu blog em 25 de janeiro, coincidentemente o aniversário da cidade de São Paulo, que eu adoro (não moro lá, mas já estudei nessa cidade e tenho vários amigos de lá). Parabéns, Metrópole do Brasil! Grande lugar de oportunidades, paixões, ódios e preconceitos também. Mas ainda assim, um enorme coração de mãe que ajuda a todos que dali esperam alguma recompensa de vida e que tentam também deixar a vida menos insuportável. E parabéns a todos os paulistanos (os nascidos e os de coração) por fazerem esta cidade tão próspera de sonhos e de vida!


Espero que este blog também seja próspero e cheio de vida! Amém!