quarta-feira, 25 de junho de 2008

Aquilo que esperam de nós

Essa semana aconteceu uma coisa um tanto quanto diferente. Soube, meio sem querer e por caminhos meio tortos, que tenho fama de metido. As razões que me foram elencadas para receber tal denominação não foram suficientes, o que me fez pensar nos valores do suposto "caluniador". Mas, enfim, esta situação um pouco delicada (que, confesso, veio a me tornar também um pouco prazerosa, em certo sentido) me fez pensar em algo que já ouvi muito falar, mas nunca tinha sentido na pele e portanto, nunca tinha percebido com tantos como agora: o modo como as pessoas nos vêem. E me surpreendi ao constatar que, constatemente, o modo como o mundo nos rotula e como nos entendemos a nós mesmos são diferentes.
Pôxa, eu fui chamado de metido! Logo eu, que me acho tão legal! hahaha... tudo bem, essa defesa pode ser na verdade encarada como uma denúncia, pois também nem sempre o que somos (ou o que achamos que somos) é o que parece ao mundo. E eis aí toda a nossa confusão social.
Quando você se mostra a alguém, pode até estar criando uma personagem, que perigosamente pode escapar de seu próprio controle e tomar conta da sua vida: isso é realmente muito perigoso, como coloquei. Porém, às vezes, estamos tentando ser nós mesmos (ou o máximo que nos aproximamos disso) e ainda não parece suficiente para a sociedade. Porque vivemos em sociedade e as inter-relações (feliz ou infelizmente) existem, são um fato e temos de fatidicamente (já que são um fato) aceitá-las. Porém nem sempre temos de aceitar as convenções sociais. Eis aí a nossa suposta "malandragem", ou seja, tentarmos escapar a conceitos, a imagens, a tudo aquilo que esperam de nós, tentando simplesmente nos aproximarmos daquilo que somos.
Mas, o que somos? Bem, não precisamos dizer o que somos, apenas sentir e expressar. Porque quando conseguimos raciocionar o que somos, já estamos nos adequando a um sistema que pode, muitas vezes, não ser o nosso. E aí sim, seremos rotulados, vistos, comentados, porque já somos "os outros", já viramos "outros" na boca e no conceito (que não vamos julgar aqui) dos "outros", e não somos mais nós mesmos.
Não precisamos do outro para nos classificar. Aliás, nem precisamos nos classifcar, pois isto já ns sugere outrem. Temos de ser nós mesmos, se quisermos. Ou, tentar nos aproximar o máximo possível do que tentamos ser. E já isso é tão difícil; imagine quando você ainda tem que ser você mesmo e se preocupar com a imagem que cria nos outros! Ah, não temos todo esse tempo, não é? Os outros que se danem! Tenho uma solução: sejamos nós mesmos, para que os outros se confundam quase sempre! Beijos a todos!

domingo, 15 de junho de 2008

Por enquanto...

Você tem uma casa? Um lar? Quando você se sente desamparado, meio à parte do mundo, meio sem rumo, para onde você corre?
Estava pensando nisso depois de ouvir "Por enquanto" na voz da Cássia Eller... por mais que eu tenha onde morar (e agradeço isso a todo instante, pois um dos meus maiores medos é não ter mais onde morar, por alguma razão que ainda não sei ao certo explicar), eu não sinto que eu tenha uma casa, um lar. E creio que isso tem pouco a ver com o sentido de você ter casa própria, morar de aluguel ou mesmo morar na casa dos seus pais, ou tios, ou irmãos, ou seja, um lugar que ainda não seja de fato seu, um lugar onde você não possa colocar suas marcas particulares.
Um lugar onde você não possa colocar suas marcas particulares... isso é muito interessante, ou seja, quando começamos a expressar nossa personalidade, queremos expressá-la de vários modos. Um belo exemplo é como no mundo virtual temos possibilidades de arrumar nossos sites, como queremos, dentro do possível, cores, formas, fotos, tipos de letra, enfim, essas coisas. E é bem isso que temos vontade de fazer, ou que fazemos de uma maneira ou de outra e a isso chamamos nossa casa, nosso lar, nosso lugar: tornar esse espaço nosso, não no sentindo de posse, mas no sentido de pensar você também fazer parte dele e ele de você, como quando você gosta de um barzinho ou de uma boate, ou mesmo da companhia de amigos... quando você está bem seja num lugar que você gosta, ou seja com pessoas que você gosta, você diz se sentir em casa, não é? Pois é, é esse tipo de casa que estou falando, uma casa subjetiva, uma casa que seja sua, sem necessariamente o dinheiro ter de comprá-la... nem tudo que você comprou é seu e se você apenas pensa que é seu aquilo que você adquiriu por meio da grana, meu querido, minha querida, então você é muito mais capitalista do que pensava e ainda terá de repensar suas idéias, uma vez que o dinheiro acaba e alguns sentimentos também, porém estes demoram mais para acabar, e ao contrário do dinheiro, à medida que você gasta, geralmente terá mais e as coisas podem ser suas, sem você ter posto seu dinheiro nelas, desde que você ponha nelas suas marcas particulares que podem também ser invisíveis a incautos e só você entenda que são suas.
Eu, sinceramente, ainda não encontrei minha casa, porém por enquanto posso pensar que ela pode ser um lugar que ainda não conheço, ou pessoas que já conheço, mas nunca pensei que pudessem ser a minha casa, enfim, a casa não é um lugar onde moramos, mas quando nos sentimos bem... e eu sinceramente nunca tinha pensado nisso... e podemos pensar assim, por enquanto...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

As fases de cada um

Ontem mesmo eu ia escrever um texto extremamente pessimista sobre a vida, o viver, enfim, essas coisas que somos quase que obrigados a fazer se quisermos ainda continuar vivos. Nós temos escolhas e podemos escolher viver ou não. E quando falo assim, não é no suicídio direto e simples que penso, mas sim naquele tipo de suicídio que muitas vezes impomos a nós mesmos achando que esse é o necessário para viver. Quanta bobagem pensar assim e agir assim! E pior ainda: escrever sobre isso dando quase uma lição de moral, ou nem tanto, mas com o intento de acordar as pessoas em relação a este fato.
A questão é que somos feitos de fases. Não temos certeza de nada nessa vida, nem se vamos estar vivos amanhã e como estaremos. E todos somos assim. Não é privilégio (seria mesmo um privilégio?) de algumas poucas pessoas com certo grau de estudo ou mesmo de "iluminação" que umas se sentem na necessidade de pensar que têm, como se a luz escolhesse pessoas e ainda tivesse graus de intensidade ou não...
Mas, enfim o que acontece é que não sabemos quando estaremos bem ou mal. E somos todos diferentes. Não é bem bipolaridade. A não ser que todos sejamos um pouco bipolares que nem saibamos. E nem falha de caráter, assim como algumas pessoas insistem em falar (dizem agora até que cigarro é falha de caráter quando há pouco tempo se achava que era charme ou apenas um vício, refúgio para alguns que não vamos julgar aqui). Ou seja: todos estamos passíveis das mudanças de humor, ou melhor dizendo das fases ruins ou boas. Aliás, que só são ruins ou boas porque já incutimos nelas juízos de valor que elas mesmas não tinham. Humanizamos o que poderíamos ter de mais animal, de mais orgânico e de mais vivo. Ou animalizamos ainda mais nossa essência humana ao acharmos isso uma doença, uma loucura. Quando a loucura maior é mesmo não termos fases e nem mudanças e ficarmos estáticos. Como a primeira planta que pode ter ficado estática e por isso não a conhecemos: ela não evoluiu, ela não mudou, ela ficou como está e onde está e por isso morreu.
Ainda bem que nós mudamos, que somos voláteis, bipolares em parte (a ponto de não sermos necessariamente doentes), e temos fases. Essas fases não deixam de ter parcialmente a culpa de sermos um pouco o que somos e carregar nossa identidade mesmo que mutante, porque a vida muda.