terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Produtividade?


Quando eu era mais novo e desenhava uma árvore, sempre a fazia carregada de alguma fruta (na maioria das vezes, eram maçãs). Uma psicóloga me explicou, certa vez, que isso era devido a uma idéia que eu tinha de produtividade. Que todos os dias para mim deveriam ser produtivos. Eu encarei aquilo como um elogio (e creio que até o era). Mas o que é produtividade, afinal?

Acabei de ouvir num jornal que o ITA, aqui de São José dos Campos, é o instituto com maior produtividade no país. Ora, tudo mundo sabe que o ITA é um celeiro de cérebros ligados à engenharia, mecânica, mecatrônica, enfim essas paradas tecnológicas. Nada contra, afinal cada um estuda o que quer e ainda bem que existe a diversidade em tudo; além de, é claro, todos nós nos aproveitarmos da tecnologia. Mas, pensemos: o mundo moderno é cheio dela e dá muita importância a ela. Tanta importância que acaba ofuscando outras áreas como a arte e a educação por exemplo. Pensemos na arte. Há coisa mais desconstrutivista do que a arte? E a arte é maravilhosa justamente por causa disso.

Vivo dizendo que São Josés dos Campos é uma cidade de peões. Sem querer ferir, mas já ferindo, é verdade. Como já disse ali, nada contra, que seja uma cidade voltada à teconologia e tal, mas que tenha também um espaço para a arte e a cultura. E, quando digo isso não é só no nível social, mas principalmente no nível intelectual e de vida das pessoas, na sua vida íntima.

As pessoas têm medo da arte, pois a arte desconstrói, incomoda, remexe, vira. Mas imagine algo parado. As pessoas hoje em dia só vêem produtividade naquilo que é útil, não naquilo que pode ser diferente ou até mesmo ruim na hora, para depois ser bom. Toda mundança é boa. Por mais que ela demore a mostrar seu lado bom.

A arte pode não ser útil, mas é sempre produtiva, de alguma forma. Mas é uma produção que quase ninguém vê, são revoluções tão pequenas que acontecem nas pessoas que quase passam despercebidas. Quase. E ainda bem que elas acontecem. Mas, isso, infelizmente, não são todos que vêem nem sentem. Por isso, ela não pode ser considerada produtiva. Se pensarmos bem, não é tão ruim assim, pois como disse Oscar Wilde: "Toda arte é inútil!"


Vai também uma obra de Frida Kalho. Fiz uma grande injustiça em não falar dela desde o início. Eu e minha grande amiga Natacha Maurer pensamos na Casa do Macaco com a imagem da Frida. Então, aí vai ela: beijos a todos!

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