Tenho medo de falar que posso estar passando por uma "crise de caráter", mas se isso existe, posso mesmo estar passando por ela... tenho me sentido mal, invejoso, perverso, nojento, enfim coisas muito ruins, coisas que nunca tinha sentido antes; adjetivos que achei não se aplicavam a mim... até imagino o fato que desencadeou tudo isso, e tento refutá-lo pois sei que ele é falso, mas de qualquer maneira me fez conhecer meu lado obscuro. Aquele lado que ninguém quer conhecer de si próprio com medo de se julgar demais e com medo principalmente de se assutar demais consigo mesmo, mas é um lado que todos tempos e invariavelmente vamos nos deparar com ele mais cedo ou mais tarde.
Visitar o nosso lodo, chegar até ele é difícil, ruim, mal-cheiroso, mas importante... eu diria até necessário. A partir de nosso profundo, de nosso lodo, podemos ver que lá em cima existe uma praia, diferente desse lodo todo, mas que de alguma forma, tem uma relação com ele. Também tenho visto que a depressão pode não ser triste, mas apenas profunda. A profundidade não precisa ser ruim, mas geralmente ela é incômoda, dói e aí chegamos ao nosso tão temido lodo. Mas, quem consegue andar no chão nojento e pegajoso do lodo, comumente consegue andar na areia fina da praia e nadar no mar lá em cima, aparentemente tão diferente do lodo.
Viver apenas no lodo não é vida, não dá pra ver o sol. Porém as pessoas que só conhecem a praia podem se afogar com mais facilidade do que aquelas que tiveram a experiência de andar no lodo (mas não o tempo todo).
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Sobre mim mesmo e sobre você também
Sem querer, há um tempo atrás, conhecendo uma pessoa na internet, ela me disse que eu lhe parecia metido. Eu sei que esse acontecimento já ocasionou um post, mas agora vou tocar de outro modo o assunto: aquilo me assustou também porque eu não percebia que eu falava muito de mim e gostava muito de mim mesmo. E mais: tudo o que eu falava, e gostava, e mostrava, tinha a ver comigo mesmo. Hoje, num encontro em que se falava sobre crônicas, percebi que fiquei calado, pois quase tudo que eu dissesse seria de uma experiência minha e não sabia até que ponto isso interessaria aos outros, já que os outros não são eu.
Isso me intrigou ainda mais, pois será que tudo o que vivi até agora teve a ver exclusivamente comigo? Ou as pessoas também se interessam (e gostam, possivelmente) de mim ou eu sou muito chato? Mas aí me veio uma outra indagação: se isso ocorre comigo, não poderia também ocorrer com mais alguém? Ou com todo mundo?
Enlouqueci neste pensamento: a inter-relação existe porque existem pessas diferentes, que vivem suas próprias vidas, não em função dos outros, mas em função de si mesmo. Ninguém vive para o outro, no máximo podemos viver para o mundo. E o mundo é composto por todos. Por todos e por cada um. Cada um com suas habilidades, cada um com seus talentos, cada um com seu senso de autocrítica e de autocentrismo no mundo.
E acho que nisso tudo ainda tem algo positivo: será que me achando demais (sendo um pavão, como brinco com alguns amigos), eu não chego a me conhecer demais? E, sendo assim não chego a conhecer mais a vida? E os outros? E até mesmo a você, que me lê?
Afinal, como disse Shakespeare, "somos feitos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos"... ouso completar: eu sou feito do mesmo tecido que você...
Isso me intrigou ainda mais, pois será que tudo o que vivi até agora teve a ver exclusivamente comigo? Ou as pessoas também se interessam (e gostam, possivelmente) de mim ou eu sou muito chato? Mas aí me veio uma outra indagação: se isso ocorre comigo, não poderia também ocorrer com mais alguém? Ou com todo mundo?
Enlouqueci neste pensamento: a inter-relação existe porque existem pessas diferentes, que vivem suas próprias vidas, não em função dos outros, mas em função de si mesmo. Ninguém vive para o outro, no máximo podemos viver para o mundo. E o mundo é composto por todos. Por todos e por cada um. Cada um com suas habilidades, cada um com seus talentos, cada um com seu senso de autocrítica e de autocentrismo no mundo.
E acho que nisso tudo ainda tem algo positivo: será que me achando demais (sendo um pavão, como brinco com alguns amigos), eu não chego a me conhecer demais? E, sendo assim não chego a conhecer mais a vida? E os outros? E até mesmo a você, que me lê?
Afinal, como disse Shakespeare, "somos feitos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos"... ouso completar: eu sou feito do mesmo tecido que você...
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Livre pra fracassar
Eu ia colocar primeiramente quase que um palavrão no título, mas achei um pouco demais... fiquei pensando alguns dias sobre este post, já era para tê-lo colocado, mas enfim, aí vai o que queria falar, não no calor do momento, quem sabe assim ele fica melhor... rsrs
Ouvi muita gente dizer que todos buscamos a felicidade... eu mesmo já devo ter dito isso... pensando melhor, creio que cada um busca aquilo que quer. Eu não quero fazer aqui nenhuma apologia ao sofrimento, à dor, à infelicidade (por mais que eu a considere inevitável e algumas vezes até necessária), mas eu quero fazer uma apologia à liberdade. Liberdade de poder escolher um caminho e (por que não?) se dar mal nele. Pôxa, foi a pessoa que escolheu, afinal... Dar-se mal em determinadas escolhas não é o fim.
Quem falou isso foi uma grande autora que eu amo, Hilda Hilst, mas ela sim, usou uma palavra chula, que nem é tão chula assim, mas eu prefiro não colocar (não sei, me deu um leve ataque de puritanismo neste momento... hehe).
Mas é sério: as pessoas podem ser livres para seguirem o caminho que quiserem. Podem ser livres. Espero que elas tenham escolha até mesmo para quererem ser livres ou não... aí, sim elas serão... livres.
Ouvi muita gente dizer que todos buscamos a felicidade... eu mesmo já devo ter dito isso... pensando melhor, creio que cada um busca aquilo que quer. Eu não quero fazer aqui nenhuma apologia ao sofrimento, à dor, à infelicidade (por mais que eu a considere inevitável e algumas vezes até necessária), mas eu quero fazer uma apologia à liberdade. Liberdade de poder escolher um caminho e (por que não?) se dar mal nele. Pôxa, foi a pessoa que escolheu, afinal... Dar-se mal em determinadas escolhas não é o fim.
Quem falou isso foi uma grande autora que eu amo, Hilda Hilst, mas ela sim, usou uma palavra chula, que nem é tão chula assim, mas eu prefiro não colocar (não sei, me deu um leve ataque de puritanismo neste momento... hehe).
Mas é sério: as pessoas podem ser livres para seguirem o caminho que quiserem. Podem ser livres. Espero que elas tenham escolha até mesmo para quererem ser livres ou não... aí, sim elas serão... livres.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
For give and for get
Sempre pensei nestas duas formas de representação da língua inglesa: forgive and forget. São dois verbos, perdoar e esquecer, mas perceberam que eles têm uma formação parecida e colocados de maneira separada como o fiz no título, isso fica ainda mais evidente? Perdoar pode ser ligado a dar, entregar, oferecer (to give); e esquecer a pegar, ter, possuir, ou às inúmeras composições que o verbo to get possibilita.
O perdão é uma das coisas mais bonitas que se tem notícia, pelo menos eu acho. Inclusive é um dos pilares de uma grande religião do mundo, uma das maiores. Perdão é quando você dá, realmente oferece alguma coisa que geralmente não te deram... não é devolver, é doar-se, é manifestação de entrega de si mesmo (é estranho como que a maioria das religiões tem essa questão de entrega de si mesmo, em maior ou menor grau, em grande valia).
E esquecer pode ser uma dádiva ou uma maldição. Dádiva quando aquilo que esquecemos (ou aquele ou aquela) não vai fazer diferença pra nós, e nem digo quando é algo ruim, pois muitas vezes algo ruim nós não podemos esquecer... e independente de algo ruim ou bom, quando não podemos nos esquecer disso (ou desse ou dessa) se transforma em maldição, pois aquilo passa a nos acompanhar em horas imprórias, nos pega, nos tem, nos prende, não nos libera e nem nos sentimos libertos... portanto, muitas vezes esquecer é tirar, libertar-se, ou prender-se...
Perdoar e esquecer são parecidas até mesmo no seu sentido: muitas vezes perdoar é esquecer... mas será que esquecer e perdoar é assim tão fácil? Às vezes é necessário esquecer alguma coisa para perdoar... ou esquecer aqueles que não cosneguimos perdoar... quem sabe, esquecendo, conseguimos perdoar...
Mas, como diz Arlindo Cruz, num dos seus belíssimos sambas, eu ainda não entendi por que "recebe menos quem mais tem pra dar"... então, dêem-me licença que eu já vou... rsrs
O perdão é uma das coisas mais bonitas que se tem notícia, pelo menos eu acho. Inclusive é um dos pilares de uma grande religião do mundo, uma das maiores. Perdão é quando você dá, realmente oferece alguma coisa que geralmente não te deram... não é devolver, é doar-se, é manifestação de entrega de si mesmo (é estranho como que a maioria das religiões tem essa questão de entrega de si mesmo, em maior ou menor grau, em grande valia).
E esquecer pode ser uma dádiva ou uma maldição. Dádiva quando aquilo que esquecemos (ou aquele ou aquela) não vai fazer diferença pra nós, e nem digo quando é algo ruim, pois muitas vezes algo ruim nós não podemos esquecer... e independente de algo ruim ou bom, quando não podemos nos esquecer disso (ou desse ou dessa) se transforma em maldição, pois aquilo passa a nos acompanhar em horas imprórias, nos pega, nos tem, nos prende, não nos libera e nem nos sentimos libertos... portanto, muitas vezes esquecer é tirar, libertar-se, ou prender-se...
Perdoar e esquecer são parecidas até mesmo no seu sentido: muitas vezes perdoar é esquecer... mas será que esquecer e perdoar é assim tão fácil? Às vezes é necessário esquecer alguma coisa para perdoar... ou esquecer aqueles que não cosneguimos perdoar... quem sabe, esquecendo, conseguimos perdoar...
Mas, como diz Arlindo Cruz, num dos seus belíssimos sambas, eu ainda não entendi por que "recebe menos quem mais tem pra dar"... então, dêem-me licença que eu já vou... rsrs
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Remédios pra dormir, espelhos e vícios de sonhadores
Um dia me perguntaram o que eu daria para uma diva. Respondi, quase sem hesitar, remédios para dormir. Toda diva deve ter uma vida exausta, senão pelo agitação prática, toda a agitação emocional com certeza é estafante. E dormir seria a melhor opção. Não por descansar, mas por fugir. Fugir e ter a chance de renascer, diferente de quando se morre, meio definitivo demais para uma diva, mesmo que ela seja um mito e, portanto, eterno. Mas minha resposta não foi a única interessante. Também me disseram espelhos. Divas realmente precisam de espelhos. Afinal, quando todos se forem, quem vai amá-la a não ser ela mesma? Ou odiá-la? Ah, divas precisam ser odiadas, porque elas gostam de ser contrariadas, uma vez que contrariando-as existe a afirmação de sua vontade. E ela é uma diva. Uma diva é quase uma deusa.
Quase. A diva, assim como a deusa, não se bastam. Mas a diva é humana. A diferença desta palavra é sutil e enorme.
O ser humano sonha. O sonho é o pior vício dos humanos. É pelo sonho que conseguimos as coisas, porém é também pelo sonho que nos viciamos e andamos de precipício em precipício, como diz uma música.
E assim, vamos, apaixonados, fugindo, nos escondendo, vivendo, nos admirando, nos odiando, à beira dos precipícios (e dos suicídios?), vivendo e principalmente sonhando, viciados em amor e em excesso.
Só quem vai até o fim entenderia isso.
Quase. A diva, assim como a deusa, não se bastam. Mas a diva é humana. A diferença desta palavra é sutil e enorme.
O ser humano sonha. O sonho é o pior vício dos humanos. É pelo sonho que conseguimos as coisas, porém é também pelo sonho que nos viciamos e andamos de precipício em precipício, como diz uma música.
E assim, vamos, apaixonados, fugindo, nos escondendo, vivendo, nos admirando, nos odiando, à beira dos precipícios (e dos suicídios?), vivendo e principalmente sonhando, viciados em amor e em excesso.
Só quem vai até o fim entenderia isso.
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