domingo, 27 de julho de 2008

A paixão (e as coisas)

A gênese da vida é a paixão.

Tá, eu sei, isso está piegas, mas é verdade. E é o que eu queria escrever sobre. A paixão, em seu sentido original, como sofrimento; a paixão como vontade, mudança. Tudo isso é paixão. Criadora e mantenedora das coisas, como um deus; espírito movente, e revitalizadora das tais coisas, como um demônio.
As coisas mudam, mas sempre estão lá. Por mais invisíveis que sejam, ou estejam, sempre estão lá, como as nuvens que vão e voltam, muitas vezes sem formas, que nem percebemos direito, mas que estão lá. Apenas notamos quando elas se fazem notar, aparecer, como quando aparecem diferentes.
Seria a força da paixão assim também? Espírito movente, revitalizador das coisas que cria, das coisas que mantêm. Será que é necessário manter? Ou é necessário revitalizar? Ou é necessário nenhuma dessas coisas? Seria necessário apenas viver? Ou vivemos por que na verdade queremos mesmo?
E a paixão? Existe? É maior, menor que o amor? Eles são tão diferentes assim? A paixão gira a nossa vida, cria coisas, revitaliza as mesmas, torna-se nuvem. Tudo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Que tal: sonhos reais?

Ai, muito se fala sobre ter sonhos, sua importância e tal... hoje em dia também se fala muito sobre a diferença entre sonho e objetivo de vida, que seriam coisas muito distintas, (mas na verdade, nem tanto também...) pois o que eu queria falar aqui hoje é sobre a importância do sonho, porém sem esquecer um outro aspecto importantíssimo.
Uma vez quando um grupo do qual eu fazia parte quis abrir um estabelecimento comercial e um de nossos integrantes disse assim: temos dinheiro para abrir e para fechar? Foi uma pergunta estranha em meio a toda empolgação que um sonho (principalmente em vias de realização) carrega, porém extremamente importante. Aí entendemos que o sonho predestina uma realização. Não podemos apenas sonhar com olhos fechados (e algumas vezes a cabeça e os braços também... rsrs).
Não sei se estou indo um pouco na contramão do que às vezes até eu acredito e falo para muitas pessoas, mas antes de sonhar, ou melhor depois de sonhar, é necessário ter os pés no chão e encarar a realidade para ver se o sonho é possível. Pois um sonho tem que ser mais do viável, real.
Os sonhos têm que ser reais. Parece um paradigma (e até acho que seja mesmo) mas é verdadeiro, pelo que eu penso. Os sonhos reais podem ser os mais difíceis, porém também os mais prazerosos, pois no sonho você até pode "cair sem se machucar", como disse se não me engano Sandra Mara Herzer (peço permissão para usar tal citação que ouvi na primeira peça de teatro que vi na minha vida) em lindas palavras, mas quando você acorda, por mais que você não tenha se machucado, foi ainda apenas um sonho. E quando você goza na vida real, esse gozo tem gosto, cheiro, consistência, assim como um machucado real, é verdade. Mas você pode pegar e sentir.
Não quero destruir a idéia do sonho, reitero. Sonhar é importante, quase imprescindível até, mas é ainda só sonhar. Que tal transformar nossos sonhos em sonhos reais? No qual podemos nos machucar de verdade, porém em compensação, gozarmos de verdade também?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Desprotegidos

Semana passada, ocorreu-me um pensamento de que o amor não existe. Existe apenas a idéia dele, até mesmo sua entidade, mas ele mesmo não. Mas o que me foi mais terrível e quase incrível mesmo foi de que esse pensamento me pareceu tão simples de ser e de acontecer que fiquei estarrecido comigo mesmo. O amor em si não existe, só existem suas aplicações. Não é uma coisa tão difícil de entender, portanto ela pode perfeitamente existir. Pensei, nesta mesma ocasião de que o amor é proteção, cuidado ou mesmo posse. Porém esta proteção, este cuidado não tem a ver com carinho e nem a quem ele se destina, porém mais de quem se origina. Algo assim: eu amo, não importa quem, não importa quando, não importa se a pessoa quer ou não o meu modo de amar, também não importa a pessoa que supostamente eu ame, mas importa apenas a mim, pois eu amo. Percebi que o amor, assim como quase (?) todos os outros sentimentos humanos (ou seriam humanizados?) é egoísta, pois vive em si, pelo que eu pensei. E esse amor sobretudo proteção pode não ser bom para o amado, mas pode ser bom para o amante. Agora esse amor é de todo bom? E mais: será que podemos nos sentir portegidos e/ou amados ao mesmo tempo sempre? Proteção e amor são, então, sinônimos?
Às vezes pensamos que ficarmos desprotegidos, desamparados é a pior coisa do mundo. Às vezes até é. Mas será que sempre? Porque, no fundo, pense bem: estamos todos desprotegidos. Pela sociedade, às vezes pela família, às vezes por quem achamos que amamos ou nos amam, às vezes por nós mesmos. Será que não nos amam (ou não nos amamos)? Ou será que apenas estamos, simplesmente e nada mais, desprotegidos? E até que ponto isso não é assim tão ruim...?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quando o excesso vira rotina

Eu nunca quis uma vida de rotina. Provavelmente por isso que, quando era mais novo, quis ser fazer teatro e ser ator. Achava que eles tinham uma vida mais emocionante, ou pelo menos não tanto rotineira, quanto acordar no mesmo horário todo dia (seja ele qual for), ir trabalhar, voltar para casa, divertir-se com amigos ou namorados, namoradas, em algum momento do dia ou da semana (muitas vezes esses momentos podem até ser cronometrados), voltar pra casa, dormir e recomeçar o dia tudo de novo... eu não queria isso, mas comecei, quase que deliberadamente (ou não) a ter uma vida rotineira.
Até que percebi que o que sempre gostei mesmo foram os excessos(gente, como é difícil escrever excesso!!! rsrs).E é tão bom quando a gente encontra na vida algo que a gente gosta de fazer, um lugar onde a gente gosta de morar, uma pessoa que a gente gosta de conviver... você acha que o mundo foi feito para você... mas depois as coisas mudam. Porque infelzimente não se pode viver no exagero. Mas a rotina também nos prende muito. E viver uma vida medíocre (no meio do caminho) é horrível. É aí que às vezes o equilíbrio nos aponta como uma saída viável, possível, não sei se a melhor saída, mas enfim...
O ruim é quando algo que era bom vira um inferno, justamente por não pensarmos que aquilo "bom" poderia se tornar tão ruim. Quando o excesso vira rotina, ou seja, quando aquilo que sonhamos ser uma saída legal, agradável, às vezes a única possível, vira mais uma prisão irrefreável; quando o paraíso vira um inferno. E você vê que seu sonho, seu sonho de vida, sua vida, não é mais como você pensava.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De fora é mais fácil entender

É bem verdade que só falamos de nós mesmos. Mas sempre tudo o que vem de fora é muito mais fácil comentar. É muito melhor, mais cômodo e mais fácil você jogar responsabilidades nos ombros dos outros. E não estou falando apenas de coisas ligadas a trabalho ou de coisas externas. Afinal, tudo que é de fora é muito mais fácil comentar. Estou falando do que se passa dentro de nós. O que é muito mais difícil. E novamente cumprimos nossa regra de, sempre quando falamos nos outros, acabamos falando de nós mesmos.
Sempre achamos que podemos ser felizes se algo nos acontecesse, ou se algo não nos acontecesse. Se alguém nascesse, se alguém morresse, se eu encontrasse tal pessos, se eu nunca tivesse encontrado tal pessoa, se eu tivesse ficado no emprego, se eu tivesse largado. E quase sempre nos apoiamos em muletas externas para entender o que está acontecendo conosco e não pirarmos. O que é uma defesa até certo ponto interessante e esperta, porém não muito inteligente, pois quando nos deparamos que o problema está dentro de nós mesmos e mais: a escolha também, ficamos sem chão.
Aceitar-se é muito mais difícil do que aceitar alguém ou alguma coisa de fora, com exceção de que você ache que esse "de fora" é muito mais parecido e mexe muito mais com você do que qualquer aparentemente interna e importante. É complicado sangrar, porém muitas vezes é necessários vermos o próprio sangue sair dali e perceber que quem deu a ferida fomos nós mesmos e sairmos da condição de vítima de tudo. É bom quando você vê sua vida como num filme. Muito ruim é quando você se percebe protagonista desse filme e vê que as lágrimas são de verdade, não colírio (aliás, muito menos colírio) e também que o sangue não é groselha (e a vida não é tão doce).
Mas pior mesmo é quando você enxerga que quem estava na frente do computador que imprimiu o roteiro da sua vida, é(adivinha quem?): você mesmo!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Com a blusa na mão

Mais uma vez vou falar de nós em relação aos outros... parece até que me encarneci neste tema, né? Mas acho que foi isso mesmo, porém é algo que eu já queria falar há muito tempo. Inclusive já peço desculpas antecipadas pelas pessoas que lêem porque eu demoro a postar, mas as coisas estão corridas. Isso também é algo que as pessoas nao vêem muito...
Enfim, vamos ao assunto: eu sempre fui chamado de bem prevenido e, modéstia à parte, sou mesmo. Na minha bolsa sempre tem (quase) tudo. E, com este tempo louco, eu gosto de estar bem prevenido e, no caso, isso quer dizer bem protegido contra o frio, a chuva, essas coisas que não podemos controlar. Muitas vezes nem podemos controlar o que está dentro de nós, imagine o que está fora?
Eu acordo cedo(não muito cedo, é verdade, mas cedo) e volto para casa muito tarde. Portanto, saio com muita roupa, vou tirando durante o dia para depois voltar a colocar. Porém, em alguns momentos em que vejo pessoas em mangas de camisa, ou mesmo com camisetas sem manga, e eu com a blusa na mão, é estranho... Porém o mais estranho não é o que eu sinto, mas sim o que eu vejo nas pessoas.
Elas me olham como se eu fosse de outro mundo. Às vezes até acho que sou mesmo um pouco metido, como o comentado no outro post, pois eu não ligo e realmente devo ser. Se bem que, sejamos sinceros, eu até ligo, sim, senão não estaria escrevendo um post falando disso... mas tem uma coisa que elas não sabem: primeiro eu sinto o frio que eu quiser, o corpo é meu e quem vai sentir sou eu; segundo: ninguém sabe a hora que eu vou voltar pra casa, logo ninguém sabe a razão de eu estar assim tão cheio de blusas.
Pode parecer besteira, mas é uma metáfora de como as pessoas agem na sociedade. Parece que você precisa se adequar a certas coisas que você não acha tão importante, mas... sobre sentir, eu odeio frases do tipo: "eu sei o que você está sentindo", "eu já passei por isso". Ora, por mais que existam situações semelhantes, nunca ninguém passou exatamente pelo que a outra pessoa passou, pois somos diferentes. Aliás, diferentes, graças a Deus! Ou ao diabo, vai saber?
Pra que se importar se você acende uma vela para um ou para outro: a alma é sua. Isso se você acreditar em alma, o que também não é obrigado. Mas as pessoas insistem. As pessoas insistem em obrigá-lo a fazer parte de um sistema, a olhar para sua blusa na mão e fazer algum tipo de censura silenciosa, quando só você sabe o frio que você passa e só você sabe quando e para que vai usar aquela blusa na sua mão.
Momento de agradecimento às pessoas que comentam. Desculpe o final sentimental, mas parece que eles sentem quase o mesmo frio que eu sinto, pois parecem entender certas coisas que escrevo aqui. Um beijo pra vocês!