sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sobre mim mesmo e sobre você também

Sem querer, há um tempo atrás, conhecendo uma pessoa na internet, ela me disse que eu lhe parecia metido. Eu sei que esse acontecimento já ocasionou um post, mas agora vou tocar de outro modo o assunto: aquilo me assustou também porque eu não percebia que eu falava muito de mim e gostava muito de mim mesmo. E mais: tudo o que eu falava, e gostava, e mostrava, tinha a ver comigo mesmo. Hoje, num encontro em que se falava sobre crônicas, percebi que fiquei calado, pois quase tudo que eu dissesse seria de uma experiência minha e não sabia até que ponto isso interessaria aos outros, já que os outros não são eu.
Isso me intrigou ainda mais, pois será que tudo o que vivi até agora teve a ver exclusivamente comigo? Ou as pessoas também se interessam (e gostam, possivelmente) de mim ou eu sou muito chato? Mas aí me veio uma outra indagação: se isso ocorre comigo, não poderia também ocorrer com mais alguém? Ou com todo mundo?
Enlouqueci neste pensamento: a inter-relação existe porque existem pessas diferentes, que vivem suas próprias vidas, não em função dos outros, mas em função de si mesmo. Ninguém vive para o outro, no máximo podemos viver para o mundo. E o mundo é composto por todos. Por todos e por cada um. Cada um com suas habilidades, cada um com seus talentos, cada um com seu senso de autocrítica e de autocentrismo no mundo.
E acho que nisso tudo ainda tem algo positivo: será que me achando demais (sendo um pavão, como brinco com alguns amigos), eu não chego a me conhecer demais? E, sendo assim não chego a conhecer mais a vida? E os outros? E até mesmo a você, que me lê?
Afinal, como disse Shakespeare, "somos feitos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos"... ouso completar: eu sou feito do mesmo tecido que você...

6 comentários:

.jean disse...

Se vivemos para o mundo então vivemos pra nós mesmos certo?! Embora eu acho um desperdício viver num mundo tão pequeno, comparando com tudo que existe. Mas talvez a vida seja apenas uma parte, sei lá! Se conhecer demais é bom, mas tem seus contras, por exemplo, você sempre vai achar que merece mais (pelo menos comigo é assim). Acho que eu me acho demais também. HAHA.

Beijos, querido.

Rita Elisa Seda disse...

Olá Tiago,
você está filosofando...isso é bom!
Suas experiências são importantes para aqueles que o cercam. Mas se você escreve e publica essas experiências serão importantes para muitas mais. Vamos fazer um encontro literário com o tema: O que eu escritor passo em minhas publicações.
Vejamos em vários angulos, nem só o da semiótica, pois tudo que é escrito e publicado contém vários autores. Por isso é importante você escrever e publicar, deixará sua semente nessa floresta.
Precisamos de mais encontros para nossos questionamentos. Ontem você deveria ter colocado essa questão. Aposto que muitos ali teriam o que falar.
Beijos,
felicidades e a paz!

D. disse...

pura seda, meu amor!

Unknown disse...

Se conhecer é bom, eu também sou assim, me conheço tanto que ás vezes desejaria esquecer um pouco de tudo que sei sobre mim. Ás vezes isso torna um defeito porque nos impede de viver algo porque já sabemos como iremor reagir ou no que vamos acabar transformando certa situação, não é? Mas enfim, é um mal necessário, o auto-conhecimento, se não nos conhecessemos tão bem, não conheceríamos os outros e vice-versa. FILOSOFOU NESSE TIAGO ;)

T. disse...

Adorei o post. Fez me lembrar várias coisas da minha vida e a pensar mais sobre esse mundo que vivemos.
By Moisés Rosa

Mistérios do Vale disse...

Tiago, só para começar adorei o nome de seu blog.
Comunicar-se implica riscos sempre. Penso que escrevemos ou falamos a partir de nossas experiências, a vivência e convivência vão ampliando nossa visão de mundo, do outro e de nós mesmos. Ler, conversar, trocar ideias é ousar, mesmo que não pareça. Quando nos tornamos públicos estamos dando a "cara a tapa" e o máximo que pode acontecer é o tapa doer, mas não marca, as cicatrizes passamos para as linhas. Escreva, publique, tente é o que estou fazendo neste meu aprendizado. Nem sempre dá certo, mas sempre dá aprendizado...

Paz e bem!

Sônia Gabriel