Ontem mesmo eu ia escrever um texto extremamente pessimista sobre a vida, o viver, enfim, essas coisas que somos quase que obrigados a fazer se quisermos ainda continuar vivos. Nós temos escolhas e podemos escolher viver ou não. E quando falo assim, não é no suicídio direto e simples que penso, mas sim naquele tipo de suicídio que muitas vezes impomos a nós mesmos achando que esse é o necessário para viver. Quanta bobagem pensar assim e agir assim! E pior ainda: escrever sobre isso dando quase uma lição de moral, ou nem tanto, mas com o intento de acordar as pessoas em relação a este fato.
A questão é que somos feitos de fases. Não temos certeza de nada nessa vida, nem se vamos estar vivos amanhã e como estaremos. E todos somos assim. Não é privilégio (seria mesmo um privilégio?) de algumas poucas pessoas com certo grau de estudo ou mesmo de "iluminação" que umas se sentem na necessidade de pensar que têm, como se a luz escolhesse pessoas e ainda tivesse graus de intensidade ou não...
Mas, enfim o que acontece é que não sabemos quando estaremos bem ou mal. E somos todos diferentes. Não é bem bipolaridade. A não ser que todos sejamos um pouco bipolares que nem saibamos. E nem falha de caráter, assim como algumas pessoas insistem em falar (dizem agora até que cigarro é falha de caráter quando há pouco tempo se achava que era charme ou apenas um vício, refúgio para alguns que não vamos julgar aqui). Ou seja: todos estamos passíveis das mudanças de humor, ou melhor dizendo das fases ruins ou boas. Aliás, que só são ruins ou boas porque já incutimos nelas juízos de valor que elas mesmas não tinham. Humanizamos o que poderíamos ter de mais animal, de mais orgânico e de mais vivo. Ou animalizamos ainda mais nossa essência humana ao acharmos isso uma doença, uma loucura. Quando a loucura maior é mesmo não termos fases e nem mudanças e ficarmos estáticos. Como a primeira planta que pode ter ficado estática e por isso não a conhecemos: ela não evoluiu, ela não mudou, ela ficou como está e onde está e por isso morreu.
Ainda bem que nós mudamos, que somos voláteis, bipolares em parte (a ponto de não sermos necessariamente doentes), e temos fases. Essas fases não deixam de ter parcialmente a culpa de sermos um pouco o que somos e carregar nossa identidade mesmo que mutante, porque a vida muda.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
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